segunda-feira, 13 de outubro de 2008

o dedo de deus e o buraco do vulcão

Girard




Saber de onde vem esse frio que nos congela. Saber para onde vai o calor aqui da nossa terra. O Everest branco e o Atacama amarelo marrom. A ciência comprova que o mundo não é imortal. O sol vai desaparecer devagar. Da lua não sei notícias, vou ter reunião com as Marias ainda hoje, vá que elas saibam algo.
-Olha as coisas não andam bem pro seu lado.
Eu gostaria de saber o que todos os bilhões de moradores da minha casa pensam sobre a vida. Alguns já me disseram que são carne. Outros dizem ser "algo que faz esta carne se mexer" e outros me explicam tantas coisas que não entendo.
O que seriam os neurônios? Não consigo acreditar neles, mesmo alguém acreditando que está me comprovando quando me entrega uma imagem das células.
Elevadores. Árvores. Teclados. Grama. O que o homem pensa sobre isso? A maioria tem certeza que é dona.
Entendam homens, se fossemos donos de tudo isso, os aviões não cairiam, os tufões não alagariam os lugares onde habitamos, o calor não nos queimaria, os carros não perderiam o freio, os vulcões não tornariam cinza aquilo que vemos.
Se fossemos os donos, colocaríamos tampões nos vulcões, os aviões não cairiam, desligaríamos o botão dos tufões, regularíamos a temperatura com um simples giro no controle do nosso enorme ar-condicionado e os carros, estes seriam belos objetos de passeio com freio regulado pela força da mente.
Nem Deus controla teu carro. Se tu consegue, que legal.

7 comentários:

Ananda Muller disse...

"Nem deus controla teu carro. Se tu consegue que legal."

Bravo!

Anônimo disse...

e a gente quer tanto dominar, quando no fundo é bem verdade que não temos controle de nada.
coisa estranha isso.


(adoro a prosa poética do bibs)

Anônimo disse...

talvez, o que nós criamos e achamos que dominamos, nós dominamos mesmo, e assim, segue o caos... Em nossas mãos tudo tende a imperfeição.

(E eu tendo a trocar t por d b por p... hahaha)

Gostei da ``reflequissão`` bibx

Liana Coll disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Liana Coll disse...

poisé, nos escorre pelas mãos o que achávamos estar tão firme. os caminhos tomam rumos que às vezes nem sonhávamos. os carros perdem os freios, e tudo mais se vira e revira sem podermos pausar.
é verdade: que controle que nada. pegamos as rédeas ora ou otra. e depois algo ou alguém nos toma. depois nos devolve e assim vai.. realmente.

mui bueno bibinho! hehe
beijoocona

Felipe Severo disse...

Um dos textos mais poéticos que já li do Bibs!
Gostei!

Anônimo disse...

"Prosa poética", ótima definição, Panka. E são mesmo muito boas, Bibs. Mas é bom eu não tentar classificar o teu texto. Classificar é pôr rédeas; rédeas são controle. E, como vimos, não o temos.

[Bravo!]