domingo, 7 de dezembro de 2008

(estou atrasada dois dias no post, hoje é dia da Mari.. mas qualquer coisa ela posta hoje mesmo por cima do meu!)


Às vezes, há que se explorar mais friamente o eu nosso. Tomados de cóleras e carregados de amores voluptuosos, perdemo-nos em agonias. Servindo-se em banquetes de ácidas dores e bebericando incessantemente do absinto remoer, o corpo sofre indigestão "overdósica" e desmaia (como em reflexo da perda de controle de si). Então, estouram alucinações de presenças com quê de neblina fina e rápida, entoando palavras com asas angelicais – ou demoníacas. Assim mesmo: depois de dar as caras pelo sub e in, elas visitam o consciente.
É então que se espirra sensatez. Após olhar um amontoado desconexo e ter se iludido: castelo, recobra-se o ceticismo. Porque pisar em chão compacto é chato e frio, mas também é necessário. Viver de neverlands seria realmente incrível. Porém, um ciclo não é um ciclo se não percorre todas as extremidades. E viver no extremo do morango vermelho é ilusão. Aliás, morango é pseudofruto. Pseudo: o que aparenta mas não é.
Mas o que eu queria falar mesmo – eu tenho um problema chato de fugir do assunto – não era assim, pessimista e tristonho. Era sobre as fases em que vivemos em estado de dormência. São essas as perigosas, os repuxos, redemoinhos, as ressacas. Nessas, reinventar trilhas sem seguir rastros é prova fatal.

"Se cada dia cai
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa

Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência."

Beijos, gente!

Liana V. N. Coll

4 comentários:

Anônimo disse...

de todos os teus textos, pra mim, esse foi o melhor!

Acervo Café Frio disse...

Sinto uma falta de saber o que fazer. Ando meio fora do comum e as coisas parecem não acertarem seus lugares. O que era coração tenho transformado em mágoa. Tenho medo do desmaio moral. Um beijo morena.

Felipe Severo disse...

Mais um texto pra ser lido, relido... degustado, na verdade.

Adorei o texto, Liana...
Tu te supera a cada postagem!

Anônimo disse...

ótimo, ótimo, ótimo (clap clap clap).
" um ciclo não é um ciclo se não percorre todas as extremidades."
(perfeito)- e sim, a gente gasta tempo e energia demais, cansa, fica em frangalhos e algumas vezes percebe tarde que tudo é um pouco mais simples (ou que pode ser simplificado).
percorremos todas as nossas extremidade, e isso tem que resultar em alguma coisa.
vamos renascer dessas experiências :)

amei lianinha ;*